Guido Guidi | Carlo Scarpa Tomba Brion
> 28 de Fevereiro, 2015
Garagem Sul – CCB (Lisboa)
Curadoria: Joaquim Moreno e Paula Pinto
O tempo eterno da modernidade é o tempo das imagens. A imagem fotográfica é o centro imóvel do vórtice do novo, o mesmo novo que dessacralizou a vida eterna e engendrou a materialização física de lugares do nada para sempre, os cemitérios modernos. Projectar um cemitério encerra o absurdo funcionalista de projectar para a eternidade, para uma singular função mais perene que a sua materialização. São lugares outros da modernidade e da sua aparente superação, lugares que se descobrem nas imagens. Guido Guidi fotografou obsessivamente um destes campos de imagens eternas, o que Carlo Scarpa desenhou para a família Brion.
As várias campanhas fotográficas que Guido Guidi tem conduzido desde 1996 no cemitério Brion desvendam a temporalidade cíclica deste campo sagrado, levando a pensar numa inversão de vectores, hipotizando que o projecto aprendeu das imagens. De facto, se a função dura mais que a arquitectura, são as imagens e não os usos que mudam a arquitectura. As imagens de Guidi revelam as modulações e os ciclos desta mutação: a assonância, a variação, a fuga, a lateralização, ou o salto entre narrativas. Nesta exposição, as imagens de Guidi são o modo de expor, de colocar em diálogo a arquitectura de Scarpa.
Joaquim Moreno e Paula Pinto
O Túmulo Brion é considerado por muitos críticos a obra-prima de Carlo Scarpa, um dos mais importantes arquitectos italianos, que foi capaz de captar noções temporais, espaciais e de luz, que foram mais tarde registadas em fotografia por Guido Guidi. O artista convida assim o observador a contemplar fragmentos de arquitectura, que se comportam de maneira diferente perante momentos específicos de luz e tempo, com um detalhe minucioso ao ritmo das sóbrias e puras linhas arquitectónicas de Carlo Scarpa.
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Garagem Sul | Centro Cultural de Belém
(C) imagens e texto: Cortesia CCB – Centro Cultural de Belém, 2014-2015.