Clarice Lispector – A hora da Estrela

Vista da exposição ‘Clarice Lispector – A hora da Estrela’ na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2014.

Mais de 30 anos após a morte de Clarice Lispector, a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, apresenta a exposição ‘A hora da Estrela’, integrada nas comemorações do Ano do Brasil em Portugal. Divulgar a obra de uma das mais destacadas vozes da literatura brasileira é um dos objetivos da exposição, que estará patente até ao próximo dia 23 de Junho

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Vista da exposição ‘Clarice Lispector – A hora da Estrela’ na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Aproximar as gerações mais novas da sua obra é um dos objetivos da exposição, que tem a coordenação e curadoria de Júlia Peregrino (coordenadora de ‘Fernando Pessoa, Plural como o Universo’) e do escritor Ferreira Gullar, Prémio Camões 2010. A exposição já foi apresentada no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Brasília e em Bogotá, tendo sido visitada por mais de 700 mil pessoas.

A Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian recebe esta mostra, igual à que foi vista no Brasil, dividida em seis núcleos, e onde se evocam ambientes dos seus livros ou passos da sua existência. Textos, fac-símiles, fotografias e documentos pessoais são mostrados nesta exposição, que, também, recria ambientes e cenários que inspiravam a escritora. Cartas de Erico Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes e muitos outros, ajudam a conhecer melhor a personalidade da escritora.

Nascida na Ucrânia, em 1920, Clarice Lispector chegou ao Brasil com menos de dois anos de idade. Antes de se mudar para o Rio de Janeiro, em 1937, viveu em Alagoas e em Pernambuco. Passou muitos anos fora, acompanhando o marido diplomata, mas nunca se desligou do Brasil, onde morreu em 1977. ‘Perto do coração selvagem’ foi o primeiro dos seus 26 livros, hoje publicados em mais de 20 línguas.

Vista da exposição 'Clarice Lispector - A hora da Estrela' na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Vista da exposição ‘Clarice Lispector – A hora da Estrela’ na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Declaração de Amor

Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter subtilezas e de reagir às vezes como um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo. (…)

(…) Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida. 

– Clarice Lispector in ‘A Descoberta do Mundo’

Vista da exposição 'Clarice Lispector - A hora da Estrela' na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Vista da exposição ‘Clarice Lispector – A hora da Estrela’ na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Sou uma mulher, sou uma pessoa, sou um corpo olhando pela janela.

Assim como a chuva não é grata por não ser pedra. Ela é uma chuva.

Talvez seja isso que se poderia chamar de estar vivo.

– Clarice Lispector in ‘A Descoberta do Mundo’

Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se tornar realidade.

–  Clarice Lispector in ‘A paixão segundo G.H.’

Vista da exposição 'Clarice Lispector - A hora da Estrela' na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Vista da exposição ‘Clarice Lispector – A hora da Estrela’ na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Ver é a pura loucura do corpo.

– Clarice Lispector in ‘Água viva’

Vida é o desejo de continuar vivendo e viva é aquela coisa que vai morrer. A vida serve é para se morrer dela.

– Clarice Lispector in ‘Esboço para um possível retrato, de Olga Borelli

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível de ter sentido. Eu não quero a verdade inventada.

– Clarice Lispector in ‘Um sopro de vida’

Vista da exposição 'Clarice Lispector - A hora da Estrela' na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Vista da exposição ‘Clarice Lispector – A hora da Estrela’ na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Vista da exposição 'Clarice Lispector - A hora da Estrela' na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Vista da exposição ‘Clarice Lispector – A hora da Estrela’ na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Vista da exposição 'Clarice Lispector - A hora da Estrela' na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

Vista da exposição ‘Clarice Lispector – A hora da Estrela’ na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2013.

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(C) Fotografias da exposição: This is Now | Making Art Happen, 2013.