Cyprien Gaillard: The Crystal World

 

Cyprien Gaillard, Video still from Artefacts, 2011, HD film transferred to 35mm, continuous with sound © Cyprien Gaillard. Courtesy Sprüth Magers, Berlin/ London; Bugada & Cargnel, Paris; and Laura Bartlett Gallery London.

Cyprien Gaillard, Video still from Artefact, 2011, HD film transferred to 35mm, continuous with sound © Cyprien Gaillard. Courtesy Sprüth Magers, Berlin/ London; Bugada & Cargnel, Paris; and Laura Bartlett Gallery London.

>> 18 de Março, 2013 – MoMA PS1 (NY)

Cyprien Gaillard (n. 1980, Paris) explora, no seu trabalho, algumas ideias inerentes à land art que depois subverte e altera, transportando-nos para geografias emocionais e estados psicológicos contraditórios, e concretiza-o através de vários meios: pintura, escultura, fotografia, filme e vídeo. Tem vindo a desenvolver uma análise documental e participativa sobre as relações que se estabelecem entre a arquitectura e a natureza, a evolução e a erosão. Gaillard sobrepõe imagens de grande beleza pictórica e atmosferas exuberantes a elementos de violência e destruição – idiossincrasias da cultura popular – apontando para a precariedade do espaço público, do ritual social e da própria noção (e viabilidade) de civilização. 

A sua obra é resultado de uma combinação única de elementos diferenciados: uma composição minimalista, sensibilidade romântica e um espírito jovem anárquico, conferem ao seu trabalho uma perspectiva muito pessoal – uma leitura peculiar de ambientes rurais e urbanos onde Gaillard intervém, onde deixa a sua marca pessoal – não se limita a documentar, interage e cria algo de novo. Dessas intervenções resultam travelogues (documentários de viagens) onde se destaca uma observação crítica às origens de antigas civilizações (e, também, modernas) que revela características de sedução e alienação.

Cyprien Gaillard, Video still from Artefacts, 2011, HD film transferred to 35mm, continuous with sound © Cyprien Gaillard. Courtesy Sprüth Magers, Berlin/ London; Bugada & Cargnel, Paris; and Laura Bartlett Gallery London.

Cyprien Gaillard, Video still from Artefact, 2011, HD film transferred to 35mm, continuous with sound © Cyprien Gaillard. Courtesy Sprüth Magers, Berlin/ London; Bugada & Cargnel, Paris; and Laura Bartlett Gallery London.

Esta primeira exposição individual do artista, em Nova Iorque, é composta por mais de 80 obras, que incluem cinco filmes e duas site-specific realizadas em NI. Em Cities of Gold and Mirrors (2009), filmado em Cancun, no México, as imagens de ruínas da civilização Maia são intercaladas com imagens de campos de golfe, resorts e turistas que têm vindo a saturar aquela região.

Em mostra, pela primeira vez nos EUA, o seu monumental trabalho Artefact (2011) – uma reflexão sobre o mito da Babilónia que toma forma através da montagem de cenas pós-conflito no Iraque e de imagens da antiguidade: a Porta de Ishar, é um dos exemplos. Gaillard repercute esse anacronismo na própria criação da obra – Artefact foi filmado no seu iPhone e depois transferido para um formato mais antigo, o de 35 mm. Este esquema evidencia a fragilidade de um material obsoleto, aqui usado e desgastado, ao longo do período em que decorre a exposição, reproduzindo, assim, a natureza cíclica das civilizações e, também, o fascínio do artista por objetos que sejam  obsoletos e, ao mesmo tempo, eternos.

Cyprien Gaillard, Video still from Artefacts, 2011, HD film transferred to 35mm, continuous with sound © Cyprien Gaillard. Courtesy Sprüth Magers, Berlin/ London; Bugada & Cargnel, Paris; and Laura Bartlett Gallery London.

Cyprien Gaillard, Video still from Artefact, 2011, HD film transferred to 35mm, continuous with sound © Cyprien Gaillard. Courtesy Sprüth Magers, Berlin/ London; Bugada & Cargnel, Paris; and Laura Bartlett Gallery London.

Geographical Analogies (2006) talvez seja o seu trabalho mais conhecido – uma série de Polaroids que representa um inventário de várias paisagens e estruturas arquitectónicas – um percurso intuitivo através destes elementos evocativos, que traçam uma narrativa desses locais reais, uma viagem psicológica, emocional e visceral. As fotografias, assim como grande parte do trabalho deste artista, captam imagens de antigas ruínas, bunkers abandonados e estruturas urbanas com graffitis: locais muito diferentes que congregam características comuns de mudança física, erosão ou degradação.

Ao combinar elementos fotográficos, cinemáticos, arquitectónicos e sociais, Gaillard convoca uma associação entre ruínas antigas e espaços actuais abandonados, na tentativa de recuperar o passado em nome de um presente desvalorizado.

 “My work starts where and when the archaeologists left off.” — Cyprien Gaillard in mono.kultur

Cyprien Gaillard, Video still from Artefacts, 2011, HD film transferred to 35mm, continuous with sound © Cyprien Gaillard. Courtesy Sprüth Magers, Berlin/ London; Bugada & Cargnel, Paris; and Laura Bartlett Gallery London.

Cyprien Gaillard, Video still from Artefact, 2011, HD film transferred to 35mm, continuous with sound © Cyprien Gaillard. Courtesy Sprüth Magers, Berlin/ London; Bugada & Cargnel, Paris; and Laura Bartlett Gallery London.

artigos relacionados:

– artigo sobre a exposição ‘Rubble and Revelation’

– vídeo entrevista, de 2012, realizada por Hans-Ulrich Obrist a Cyprien Gaillard

(C) imagens: cortesia MoMA Ps1, NY, 2013.