José Maçãs de Carvalho: Arquivo e Domicílio

Exposição de fotografia

> 8 de Março, 2014

Arquivo Municipal de Lisboa (Núcleo Fotográfico)

No próximo dia 15, pelas 15h, tem lugar o lançamento do livro ‘Unpacking – a desire for the archive’ de José Maçãs de Carvalho, uma edição da Stolen Books. Apresenta o livro o curador João Silvério. Decorrerá, igualmente, uma visita guiada à exposição.

‘Unpacking – a desire for the archive’  é uma única série de 50 livros totalmente manuscrita pelo autor, fazendo de cada exemplar um objecto único. ‘Unpacking’ sintetiza de forma experimental, o processo de significação de imagens fotográficas realizadas ao longo de mais de vinte anos, a partir do arquivo fotográfico do autor. Toma-se como referência cultural e matriz estilística a obra ‘Bilder Atlas’ de Aby Warburg (1866-1929). Este livro pode ser um “atlas de imagens” que condensa, em potência, o trânsito entre o singular e o universal, privado e o público, a imagem e a linguagem num processo de autorreflexão e retrospetivo, de forma a compreender o universo formal e conceptual do arquivo do autor.

A exposição:

‘Arquivo e Domicílio’, surge na sequência de um projeto de investigação (dissertação de doutoramento em Arte Contemporânea, no Colégio das Artes, Universidade de Coimbra, em fase final) iniciado em 2011 com a exposição “Arquivo #0”, no CAV, em Coimbra, continuado em “Arquivo e Alteridade”, na galeria VPF, em Lisboa, e “Arquivo e Nostalgia”, no atelier Concorde, em Lisboa e Guimarães no Laboratório de Curadoria, em 2012.

‘Arquivo e Domicílio’ problematiza, de forma experimental, o processo de significação de imagens fotográficas realizadas ao longo de mais de vinte anos, a partir do meu arquivo. Toma-se como referência cultural e matriz estilística a obra “Bilder Atlas” de Aby Warburg (1866-1929) e duas ideias-chave: a “lei-da-boa-vizinhança” (termo cunhado por Warburg) que permitiria criar relações não-hierarquizadas entre as imagens, e também uma “iconologia dos intervalos”, conceito para definir as relações de significação entre aquelas imagens, ou melhor, as tensões relacionais entre imagens.

‘Arquivo e Domicílio’ procura uma temporalidade única, larga e extensiva, usando imagens de várias series, num período de cerca de 25 anos (o meu tempo de prática artística). A organização não-hierarquizada, sem uma narratividade linear, de imagens encontradas no meu arquivo, para uma relação eminentemente tensa, desvalorizando o significado de cada uma isoladamente, pretende ativar de forma reverberativa (Michaud) uma constelação significacional, numa espécie de atlas, conforme a “lei-da-boa-vizinhança “warburgiana. Este projeto encara a possibilidade de se elaborarem “atlas-de-imagens” que possuam, em potência, a ideia de trânsito entre o singular e o universal, o privado e o público, a imagem e a linguagem, num processo autorreflexivo e retrospectivo, de forma a compreender escolhas temáticas, sublinhando traços que ligam as obras, numa perspetiva formal e conceptual.

– José Maçãs de Carvalho, 2013

José Maçãs de Carvalho é licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade de Coimbra; Pós-Graduação em Gestão de Artes – Inst. de Estudos Europeus de Macau; Doutorando em Arte Contemporânea – Colégio das Artes da Universidade de Coimbra; Professor no Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra; Artista Plástico. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Oriente, Instituto Camões, Centro Português de Fotografia e Instituto das Artes/ Dgartes. Em 2002, comissariou o projecto “Topografias da Vinha e do Vinho”, fotografia sobre a Região da Bairrada, (Cordoaria Nacional, Lisboa e Kunstlerhaus Bethanien, Berlim); em 2003 comissaria e projecta as exposições temporárias e permanente do Museu do Vinho da Bairrada, Anadia; em 2005, comissaria “My Own Private Pictures”, na Plataforma Revólver, no âmbito da LisboaPhoto. Nomeado para o prémio BESPhoto 2005 (2006, CCB, Lisboa) e para a “short-list” do prémio de fotografia Pictet Prix, na Suíça, em 2008. Organizou e concebeu, com António Olaio, a exposição “My Choice – escolhas de Paula Rego na colecção do British Council”, para a Casa das Caldeiras, na Universidade de Coimbra, em 2011.

João Silvério nasce em 1962. Fez estudos de Filosofia (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e é Mestre em Estudos Curatoriais pela Faculdade Belas-Artes da Universidade de Lisboa. É curador da coleção de arte contemporânea da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Inicia a sua actividade como curador independente em 2003. Ocupa o lugar de vice-presidente da Secção Portugesa da AICA – Associação Internacional de Críticos de Arte, desde Junho de 2012. Cria o projecto EMPTY CUBE em Outubro de 2007 que tem apresentado projectos de artistas, designers e arquitectos. Encontra-se a elaborar a dissertação da sua tese de doutoramento em Arte Contemporânea no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.

+ info:

Stolen Books

Arquivo Municipal de Lisboa (Núcleo Fotográfico)

(C) imagens e texto: Cortesia Arquivo Municipal de Lisboa (Núcleo Fotográfico)