Joana Gonçalves: Ruptura
> 24.7.2013
@ Round The Corner (Lisboa)
Curadoria: Luísa Santos
Ruptura
Uma das características de grande parte da arte contemporânea é poder ser entendida tanto por via de experiência como pela teoria. Olhar para o trabalho da Joana Gonçalves implica senti-lo e, não pedindo participação aos visitantes de um modo convencional, pede um tempo que já não estamos habituados a dar a imagens.
Em Ruptura (2013), Joana Gonçalves desenvolve uma ideia muito presente na realidade social e política actual, a necessidade de mudança. Seria fácil enquadrar o trabalho de Joana Gonçalves na história da arte, no tema que remete para a arte activista de mudança social dos anos 70 e, na forma que nos leva até às experiências pictóricas que desafiam a
fronteira com a escultura de artistas como Frank Stella (1936). Apesar desta facilidade em enquadrar Ruptura (2013) na história da arte, aqui trata-se de uma reflexão sobre o momento actual.
Num momento em que as manifestações populares se multiplicam em pedidos de mudança, de ruptura para um novo começo, Joana Gonçalves vem reforçar a ideia de que a arte tem um papel social, seja como manifestação ou como reflexão. Para alguns sociólogos, é no caos se consegue a ordem e é nesta ideia que se desenvolve o trabalho de Joana Gonçalves. A questão sobre a arte poder ou não mudar a sociedade é longa e mantém-se por responder. No entanto, ao entrar na sala de pequenas dimensões do Round The Corner, repleta de pinturas em que a ruptura é uma constante, é fácil perceber que a arte tem, de facto, um papel de mostrar uma multiplicidade de perspectivas da realidade em que vivemos. Cabe-nos agora, reflectir sobre o que fazer perante essa realidade: Rompê-la e criar uma totalmente nova? Observá-la e criticá-la passivamente? É nestas questões que Ruptura (2013) assenta desenvolvendo-se na premissa de que a destruição do que existe implica a construção de algo novo, seja qual for a sua forma e potencial de construção de uma nova História. – Texto de Luísa Santos
Luísa Santos (n. 1980) vive e trabalha em Lisboa e Berlim. Licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (2003) e Mestre em Curating Contemporary Art pela Royal College of Art, Londres (2008), com o apoio da bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Desde 2006 que comissaria exposições em cidades como Londres, Linz, Lisboa e Porto. Curadora convidada do OK-Centrum em Linz para Linz Capital Europeia da Cultura 2009 e curadora residente do Frankfurter Kunstverein no segundo semestre de 2009. Leccionou entre 2009 e 2012 no IADE e entre 2010 e 2012 no Ar.Co, ambos em Lisboa. Doutoranda na Humboldt University, Berlim (2010 – 2014), investiga sobre o papel social do projecto de arte multidisciplinar em comunidades locais. Investigadora no CuratorLab na Konstfack, Estocolmo entre 2011 e 2012, desenvolveu um projecto para o Tensta Konsthall, “No hay cuchilo sin rosas”. Colabora com instituições como o Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, P28, Fundação EDP, EGEAC, Konstfack, Museu da Faculdade das Belas Artes do Porto, e CAPC. Publica extensivamente em catálogos e publicações periódicas como L+Arte, C-Heads, ArteCapital.
Teatro da Trindade
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