Bruno Cidra: Corda

14 Dez – 14 Jan 2013

Galeria Nuno Centeno (Porto)

Esta é a primeira exposição individual no Porto de Bruno Cidra. O artista foi finalista nomeado para o Prémio EDP Novos Artistas, no Museu da Electricidade – Fundação EDP, em 2009, e desde então tem exposto regularmente.

Bruno Cidra compõe obras que se relacionam directamente com o espaço onde se inserem. O conjunto da sua obra define-se pela relação entre Escultura e Desenho, numa simbiose que pretende questionar a posição de ambas as disciplinas, e ao mesmo tempo questionar acerca da possibilidade da Escultura. O Desenho é o elemento dominante no processo criativo e construtivo, sendo com ele que Bruno Cidra define quase tudo o que acontece na Escultura. O trabalho da mesma, envolve-se com o espaço, definindo-se numa lógica muito semelhante à do Desenho. As linhas exercem cortes e linhas de força sobre o local, como uma linha cravada numa folha de papel.

O artista usa o papel e o ferro como materiais singulares da sua obra escultórica. O papel, suporte tradicional para o desenho, funciona como matéria-prima para corpo e discurso escultóricos. A sua combinação com o ferro conduz a uma tensão de polaridades, entre resistência e fragilidade, peso e leveza, perenidade e efemeridade, contribuindo para uma leitura das peças que nunca é total. As faces em ferro dão gradualmente lugar ao papel, e vice-versa, num contínuo ocultar e desvelar recíprocos. 
O conflito material de dois materiais distintos, de forças e plasticidades opostas, combina-se, construindo um diálogo harmonioso. Apesar deste duelo, não assistimos a um vencedor, o papel adapta-se à forma do ferro e acaba por segurá-lo e fixá-lo numa posição de tensão. O material aparentemente frágil, acaba por opor-se à força estrutural do ferro.Os seus conjuntos escultóricos criam movimentos dinâmicos e fluídos no espaço vazio da galeria, e interpelam o espectador como agente do movimento e como transformador do gesto escultórico em campo de energia. O espectador activa este campo, descobrindo várias leituras dos trabalhos, do conjunto. O espaço é trabalhado como se de uma folha em branco se tratasse sendo explorado nos seus limites e valências arquitectónicas , através de peças que o redesenham através de uma série de cortes verticais e horizontais. 
Bruno Cidra (Lisboa, 1983) explora frequentemente as tensões entre os materiais que privilegia no seu trabalho, ferro e papel, recorrendo em formas orgânicas que subvertem o vocabulário habitual da disciplina da escultura. A sua obra resulta assim em formas próximas do Desenho, definindo linhas sinuosas que aliam a fragilidade do papel com a resistência do ferro. Bruno Cidra conclui, em 2007, o curso de Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, tendo sido finalista nomeado para o Prémio EDP Novos Artistas, no Museu da Electricidade – Fundação EDP, em 2009. Em 2012 apresenta Flecha, exposição individual na Baginski, Galeria/ Projectos, depois de 8 Esculturas em 2009. Participou em diversas exposições colectivas, das quais se destaca Como proteger-se do Tigre, na Bienal de Cerveira de 2011, comissariada por Luís Silva e João Mourão, Kunsthalle Lissabon, encontrando-se representado na colecção do Ar.Co.
(C) imagem e texto: cortesia da galeria Nuno Centeno.
(C) Texto biográfico: galeria Baginski.