Dois Desenhos, Uma Escultura: José Pedro Croft
19 Outubro – 17 Novembro (2012)
Appleton Square
curadoria: João Silvério

José Pedro Croft, Dois Desenhos, Uma Escultura, imagem: cortesia do artista e de Appleton Square 2012.
Movimento assimétrico
‘Na obra de José Pedro Croft, a revisitação do seu trabalho – dos métodos, das cisões, das cesuras, dos materiais e dos procedimentos – é uma ferramenta semântica que o artista recupera, expondo-se permanentemente à prova perante uma aparente semelhança que as suas esculturas e os seus desenhos muitas vezes enunciam. Cada nova escultura é parte de um processo, mais densificado pela simultaneidade de questões e problemas que o desenvolvimento da sua obra propõe num espectro experimental que Croft expande de uma forma quase ilimitada.
A necessidade da experiência, de experimentar, reside na sua capacidade de retomar uma acção tantas vezes quantas as necessárias até que a ideia matricial se revele, na sucessão de transformações a que é sujeita no processo de trabalho, como escultura, ou seja, como objecto decorrente da pulsão artística que o determina. Sabemos que o vocabulário formal e material que o autor utiliza é reduzido ao mínimo essencial, mas sabemos também que a modalidade que o seu trabalho integra e desenvolve, como procedimento e decisão, lhe confere uma amplitude que lhe permite reencontrar-se em cada nova obra, mantendo como linha de referência a diferença e a experimentação.
A exposição Dois Desenhos, Uma Escultura, que o autor pensou para a galeria Appleton Square, desenvolve-se nos dois espaços de que esta dispõe: o piso térreo, onde está instalada uma escultura, e o piso inferior, consignado ao desenho. A escultura foi trabalhada para o espaço da galeria como se este constituísse desde logo uma corporalidade própria, num jogo de poder equilibrado entre a posição determinada pela montagem, o que significa ter em conta os diversos pontos de vista sobre a obra, e em simultâneo a multiplicidade de planos visuais que desenvolve sobre si mesma e sobre o espaço que integra a partir de uma das suas faces interiores. Este dédalo de relações entre exterior e interior, entre abertura e clausura e as sobreposições de planos tem um longo percurso na obra do autor. Contudo, e de forma mais persistente, na última década Croft introduziu na sua obra um outro elemento que nos transformou em receptores activos do seu trabalho: a difusão e reflexão da luz.’ (…)
João Silvério.
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Texto completo do curador.

José Pedro Croft, Dois Desenhos, Uma Escultura, imagem: cortesia do artista e de Appleton Square 2012.