Dreaming of a Better Life – Border Crossing
@ Kunsthallen Brandts
até 16 Setembro, 2012
Porque razão foram construídas fronteiras entre os países? E porque é que foram definidas de forma tão restrita? O que motiva milhares de pessoas, todos os anos, a correrem o risco de perder as suas vidas ao tentar cruzar essas fronteiras? O direito à imigração devia ser um dos direitos humanos consagrados? Nesta exposição pretende-se analisar a complexidade e relevância deste tema, introduzindo um debate mais alargado, aprofundando algumas questões mais polémicas e outras muitas vezes esquecidas.
Em mostra, trabalhos de seis artistas, que exploram esta temática nos seus trabalhos:
Alfredo Jaar (Chile), Chen Chieh-Jen (Taiwan), Ulrike Biemann (Suíça), Aernout Mik (Holanda), Isaac Julien (Reino Unido), Guido van der Werve (Holanda)
“Poucos subprodutos da globalização constituem uma questão tão sensível para as opiniões públicas das sociedades industriais avançadas quanto o movimento de pessoas. Naturalmente, esse movimento preocupa também os países menos desenvolvidos, ainda que a partir de perspectivas diversas. Para estes últimos, o fluxo de pessoas constitui uma autêntica bóia de salvação para os seus cidadãos e economias – em particular, devido às remessas dos emigrantes, cujo montante global está actualmente estimado pelo Banco Mundial em mais de 200 mil milhões de dólares anuais (o que corresponde a mais do triplo do total global da ajuda pública ao desenvolvimento). Porém, as preocupações não terminam aí, já que estes países se mostram também fortemente apreensivos em relação a três outros aspectos. Em primeiro lugar, em relação à possibilidade de que o comportamento das autoridades e da população em geral dos países em que trabalham os seus cidadãos assuma um carácter de desrespeito grosseiro pelos direitos humanos, laborais e outros direitos fundamentais desses mesmos cidadãos. Em segundo lugar, em relação aos riscos para as vidas dos seus cidadãos que estão associados à actividade da indústria do tráfico que se tem vindo a desenvolver em torno das deslocações não autorizadas (ao mesmo tempo, em virtude destas redes criminosas operarem com quase total impunidade em numerosos países menos desenvolvidos, têm vindo a corroer a legitimidade das instituições públicas desses países e a dificultar as suas relações com os governos dos países de trânsito e de destino). Finalmente, em relação ao risco de que as políticas de imigração cada vez mais selectivas que têm vindo a ser implementadas nas sociedades industriais avançadas possam estar a ter como consequência o esgotamento das suas reservas de capital humano, cuja educação e formação foi financiada através de recursos públicos escassos.”
in A Europa e os seus Imigrantes no século XXI