João Jacinto
A Galeria Fernando Santos apresenta a partir de amanhã, dia 9 de Junho, a exposição Desde Amanhã de João Jacinto, que estará patente até ao dia 31 de Julho.
Apresenta um conjunto de pinturas (obra sobre papel) que, e segundo o próprio artista, deverão ser vistas como um percurso paralelo, e não oposto, ao trabalho que de uma forma mais imediata o identifica, as suas pinturas (sobre tela) matéricas, densas e volumosas, onde explora ao limite os materiais e cujo resultado poderá ser visto como uma inferência de acaso e intenção num processo incessante, como as que nos apresentou na sua última exposição na Galeria Fernando Santos, sob o título Pele Atrasada.
Reflexão do artista:
“Espera-se do pintor uma explicação? Algumas palavras que ajudem a entender? Mas entender o quê? Ou tudo o que se pede é apenas uma decorativa moldura de palavras?
Na sua “irónica” teoria da arte, Ad Reinhardt caricaturava a necessidade demonstrada pelo cidadão comum, de saber o que uma pintura abstracta significava. Anos mais tarde Philip Guston, na altura já pintor ex-abstracto, insurgia-se contra a pergunta What’s that?, que o critico Tom Hess lhe dirigiu frente a uma das suas novas pinturas figurativas. Respondeu-lhe Guston: For Christ’s sake Tom, if this were eleven feet of one color, with one band running down on the end, you wouldn’t ask me what it was.
Recentemente o pintor inglês Frank Auerbach declinou o convite que lhe tinha sido dirigido para participar num programa televisivo intitulado Desmistificar a Pintura, argumentando que a pintura era um ofício misterioso e que nada havia a desmistificar. Acrescentava repudiar a concepção do pintor como um sujeito abordável, que por acaso pintava.
Ser pintor é ser outrem (homeless, como Greenberg dizia dos que não lhe seguiam a palavra). É ser-se a mão estrangeira lentamente a emigrar para a que pinta.
E a razão porque se faz, ou antes, a obsessão de pintar, é (roubando as palavras a uma aula de Levinas intitulada A Subjectividade como An-Arquia) um desequilíbrio, um delírio que surpreende a origem, que se levanta mais cedo do que a origem. Desde amanhã.” João Jacinto, 29 de Maio de 2012.
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