Counting Seeds de Gabriela Albergaria
02.06 a 19.08.2012
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Travessa da Ermida
Most of us are transplants
Uprooted from our native soil
The very dirt out there
Carries its own history
And provides us with a sense of place.
Florence Crow in The Meaning of Gardens
A citação que inicia este texto está presente num dos desenhos apresentados na exposição – Políptico(Belém) – de Gabriela Albergaria na Ermida de Nª Srª da Conceição. A sua apropriação aqui justifica-se pela relevância no entendimento do projecto desenhado pela artista para aquele espaço específico.
Lançamento do Livro “Duas Praças, Um Jardim, Belém, Lisboa”
A exposição parte de um livro de artista Duas Praças e um Jardim que Albergaria desenhou para a ocasião. A sua estrutura é a de um manual de uso. Contêm mapas, fotografias, sugestões de percursos: uma coreografia para o olhar e para o corpo através destes espaços. A maioria dos trajectos que Feliciano fotografa, segundo regras prescritas por Albergaria, propõem uma relação directa entre uma imagem do chão e outra ao nível dos olhos. Esta justaposição quer pensar a forma como o material utilizado na construção do espaço público condiciona o seu uso.
Do livro para as paredes da Ermida sai um grupo de foto-desenhos de cinco árvores que Gabriela Albergaria quis por em evidência na exposição. Nenhuma das árvores é originalmente portuguesa (nem mesmo o tradicional Pinheiro Manso) e simbolizam as relações de troca (e de poder) que Portugal teve com o mundo. Estas obras são caracterizadas por um conjunto de fotografias e desenhos impressos (previamente manipulados) que dissecam a árvore em secções. Os desenhos fazem um pequeno zoom a um detalhe particular da árvore. Cada secção é ladeada por uma cor que a sintetiza. Estas cores provêm de um trabalho de análise retiniana feita por Albergaria às imagens fotografadas por Raquel Feliciano – um trabalho sobre a imagem de uma paisagem e não sobre a paisagem em si. – Texto de Filipa Oliveira.
Gabriela Albergaria nasceu em Vale de Cambra, Portugal, em 1965. Vive e trabalha em Nova Iorque. Em 1985 concluiu a licenciatura em Artes Plásticas – Pintura pela FBAUP. Desde 1999 que expõe regularmente. Integrou vários programas de residências artísticas, como Kunstlerhaus Bethanien, Berlim (2000/2001); Cité Internationale des Arts, Paris (2004): Villa Arson, Centre National d’Art Contemporain, Nice, France (2008); Museu de Arte Moderna da Bahía, São Salvador da Bahía, Brasil (2008); The University of Oxford Botanic Garden in collaboration with The Ruskin School of Drawing and Fine Art, Oxford, UK (2009/2010). Foi nomeada para o prémio Ars Viva 2002/2003 – Landschaft na Alemanha, para o Prix Pictet 2008, The World’s Premier Photographic Award in Sustainability. O seu trabalho integra várias colecções privadas e públicas e é representada, em Portugal, pela Vera Cortês Art Agency e no Brasil pela Galeria Vermelho.
Mais informações: Travessa da Ermida