Sérgio Costa | Strata
5 de abril – 3 de maio de 2014
@ Museu Geológico de Lisboa
“Strata”: Desterramento e Virtualização na Wunderkammer de Sergio Costa
“Na Exumação a distribuição de superfícies é totalmente colapsada e os seus movimentos associados são desviados; o limite exterior já não pertence à periferia; superfícies anteriores surgem depois de todas as outras superfícies, camadas de estratificações são deslocadas e perfuradas, as periferias e a última superfície protectora tornam-se as próprias condutoras da invasão. A Exumação é definida como colapso e trauma introduzidos na parte sólida por actividades vermiculares; o corpo da solidez é substituído por todo o corpo do trauma. Como num desenterramento — a escarificação das superfícies quentes e frias de um túmulo — a exumação prolifera superfícies umas através das outras. A exumação transmuta arquitecturas em excessivas escarificações, fibroses de tecidos, membranas e superfícies do corpo sólido.” Negarestani (2008), Cyclonopedia
Partindo num Minérvico vôo de espanto através da série experimental Strata, de Sérgio Costa, acompanhamos um modo de experimentação artística assente numa nova estratégia diagramática, não só através da pintura, como de alterações dimensionais em novas experimentações estratigráficas, introduzidas pelo princípio anaglífico.
Existe, contudo, uma nova e muito mais importante dimensão nos mais recentes trabalhos da série Strata de 2013-2014, que começa com proto-objectos subdeterminados, como as formas de massa de gesso e o seu processo de secagem, através do qual a porosidade surge nos Strata #20 e #21, exibidos num espaço anterior ao da exposição. E mesmo após estas frágeis coisas subdeterminadas serem transpostas para a esfera da pintura, onde as poderemos ver como paradoxos (uma fatia de um proto-cérebro e/ou uma fatia de pão torrado petrificado simultaneamente), é ainda assim ilimitada a nossa imaginação ao observá-las no seu jogo de correspondência de similitude trivial. A concreção destes sub-objectos leva-nos mais longe, auferida pelo seu transporte e enraizamento contextual num espaço museológico, no Museu Geológico em Lisboa no edifício da Academia Portuguesa das Ciências. Os Strata de Sérgio Costa tornam-se assim “equivalente real”, uma síncope virtual dos objectos petrificados do museu em seu redor, tornam-se um princípio artístico de desterramento, “desfundamentação” e virtualização do espaço museológico e seus objectos exibidos. (…) – Alexander Gerner
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Local:
Rua da Academia das Ciências, 19 – 2º
1249-280 Lisboa
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