Eye Height

de Beatriz Cantinho e Ricardo Jacinto
12.05.2013 (19h)

performance-instalação

Eye Height é um espectáculo onde um dispositivo, que é simultaneamente cenário e instrumento, é palco para a criação coreográfica e musical. Este objecto comporta-se como uma caixa de ressonância, amplificando os sons provocados pela fricção e percussão de corpos que, movendo-se na horizontal, induzem também a vibração de conjuntos de cordas colocadas no seu interior. Com a linha do olhar à altura do palco, os espectadores assistem a um discurso improvisado em que bailarinos e músicos constroem um manto visual e sonoro de impressão paisagística proporcionando uma experiência essencialmente sensorial e contemplativa.

O movimento e o som aludem a uma utilização mínima de esforço produzindo uma imagem hipnótica e dormente. Balanço, velocidade, silêncio, imobilidade, densidade, intensidade são noções que ajudam a articular as acções coreográficas e musicais. A horizontalidade dos corpos e a correspondência da altura do palco à linha do olhar do público, convoca a imagem de paisagem e intensifica a percepção e a concentração do olhar no movimento conjunto. A paisagem, neste sentido, é conseguida a partir de transformações lentas e orgânicas, sempre mergulhadas na noção de um evento conjunto, marcado pela singularidade de cada performer. O desenho de luz e os figurinos têm como principal objectivo a clarificação destes pressupostos. Pretende-se que a luz intensifique a relação horizontal com o acontecimento ajudando a estratificar os planos ou comprimindo a profundidade do palco, e que a matéria dos figurinos confira diferentes timbres às acções sobre o palco.
A instalação corresponde a uma dimensão cinematográfica do projecto. Mantendo-se a relação do olhar horizontal a partir de um plano geral fixo, acentua-se o carácter imersivo do espectáculo, recorrendo a três planos sequência aproximados em torno do palco e performers. A instalação reproduz, de forma síncrona, estas diferentes perspectivas do mesmo acontecimento, convocando o espectador a alterar continuamente o seu ponto de vista comprometendo-se assim, directamente, no carácter gestual e sonoro das imagens.
Este projecto foi apresentado, em 2011, no Museu do Chiado (Lisboa) e na Fundição de Oeiras.

Autores:

Beatriz Cantinho | Coreografia

Frequenta actualmente o Doutoramento em Dança/Estética no Colégio de Artes de Edimburgo. “Visiting Scholar” na NYU/TISCH (Departamentos de Performance e Cinema) 1º Semestre 2010/2011. Mestre em Filosofia/Estética pela U.N.L sob orientação do filósofo José Gil. Licenciada em Dança pela E.S.D. Estágios profissionais: Companhia Royal de Luxe e Teatro Noh no Kyoto Art Center. Desde 1997 que desenvolve trabalho em Dança, Teatro e Artes Plásticas com trabalhos de sua autoria (“Parde2”, “Scch…um ensaio sobre o silêncio”, “Peça Veloz Corpo Volátil”) e/ou em colaboração com outros artistas (Herwig Turk, Valério Romão, Ricardo Jacinto, Vangelis Lymporidis, Shiori Usui, entre outros), trabalhos esses, apresentados tanto em Portugal como no estrangeiro. Apresentações em contexto académico: Universidades de Edimburgo, Cambridge, Surrey e Chelsea College of Art.

Ricardo Jacinto | Música e Instalação

Nasceu em Lisboa, em 1975. Concluiu o curso de escultura e o curso avançado de artes plásticas no AR.CO e é licenciado em arquitectura pela FAUTL. Foi estudante em intercâmbio na School of Visual Arts em Nova Iorque, estudou musica no Hot Clube de Portugal e composição musical na Academia de Amadores de Música. Desde 1998 tem apresentado o seu trabalho em exposições, concertos e performances em Portugal e no estrangeiro (Culturgest /Lisboa & Porto, CCB /Lisboa, Gulbenkian Lisboa & Paris, OK Center /Linz, Manifesta 07 /Roveretto, Bienal de Veneza de Arquitectura 06, MUDAM / Luxemburgo, 0047 Gallery, Oslo). Tem desenvolvido uma intensa actividade de colaboração com outros artistas plásticos, coreógrafos, músicos e performers. Da sua obra destaca-se o projecto PARQUE, desenvolvido desde 2001 em colaboração com outros artistas e músicos [www.parque.biz]. Nas exposições “Caminos del Arte Contemporáneo Portugués” no Circulo de Bellas Artes de Madrid, “Les Voisins” no Centre Culturel Gulbenkian em Paris, MANIFESTA 08_Bienal Europeia de Arte Contemporânea em Itália, foram mostradas as suas obras mais recentes. Projectou em co-autoria com o Arq. Pancho Guedes a instalação Lisboscópio para a Representação Oficial Portuguesa na Bienal de Arquitectura de Veneza 2006. Na Culturgest (Lisboa) apresentou em 2008 a exposição EARWORM onde mostrou um corpo muito significativo do seu trabalho desde 1998.

Co-criação e Interpretação  
Bailarinos:  Beatriz Cantinho, Filipe Jácome, Francesca Bertozzi.  
Músicos: Nuno Torres (Saxofone Alto), Ricardo Jacinto (Violoncelo)
Palco 
Conceção:Ricardo Jacinto 
Projeto de Execução: André Castro / Elysabeth Remelgado / Ricardo Jacinto 
Construção: Tomás Viana, Ricardo Jacinto, Nuno Torres 
 
Co-Produtores: Colégio de Artes de Edimburgo, Fábrica da Pólvora – Centro de Experimentação Artística, TEMPO–Teatro Municipal de Portimão.