Doclisboa ’12
Festival Internacional de Cinema | 18 a 28 de outubro
A 10ª edição do Doclisboa abre com o filme português ‘A Última Vez Que Vi Macau’ de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata.
Dois realizadores partem para Macau numa aventura de descoberta de uma cidade-labirinto, fascinante e multicultural, onde as memórias de infância no Oriente de um dialogam com as memórias ficcionadas do Oriente do outro construídas pelos códigos do cinema, da literatura e da pintura, criando um álbum de geografa física e emocional.
E encerra com ‘Cesare Deve Morire’ de Paolo e Vittorio Taviani, de Itália.
A representação de Júlio César de Shakespeare chega ao fim. Os actores abandonam o palco e regressam às suas celas. São todos presidiários da cadeia de segurança máxima de Rebibbia, em Roma. Este documentário não insiste nos crimes que estes homens cometeram na vida ‘real’; antes estabelece paralelos entre este drama clássico e o mundo de hoje.
A programação desta edição do Doclisboa foi construída para pensar o cinema como campo simultaneamente artístico e político e como força de inscrição no real. Numa época em que se vivem acontecimentos sucessivos de enorme impacto social e político, mas também artístico, esta programação foi desenhada como uma proposta de reflexão atenta, consciente de que cada filme programado tem um sentido e uma força fundamentais para a vitalidade de um público exigente e inquieto.
Assim, num ano em que, através da inauguração de três novas secções, o Doclisboa abre espaço para realizadores mais jovens como a outros modos de pensar e projectar o documentário, tendo sido feito um trabalho não só de selecção criteriosa, como também de procura de uma proposta de cinema simultaneamente clara, rigorosa e aberta. Procurando-se perspectivar o sentido e a ideia de cada secção do festival, pensando a sua abertura às propostas que chegam de todo o mundo e a sua articulação com o todo da programação, de forma a proporcionar ao público diferentes entradas para cada uma delas.
O festival foi construindo assumindo a sua implicação num presente em constante mutação. Consciente da sua responsabilidade e força. Propondo, assim, percursos pelo cinema, pelo mundo, por vivências e experiências absolutamente singulares que nos convocam directamente e nos fazem pensar. Lugar de reflexão, de discussão pública – um lugar de prática atenta da cidadania.
Destaques:
Retrospectiva integral da obra da realizadora Chantal Akerman em parceria com a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema. Esta retrospectiva traz, ao festival, o questionamento do documentário na sua relação com outras práticas cinematográficas e artísticas. Com uma obra complexa e extremamente sensível ao seu tempo, Chantal Akerman integrou sempre, na sua prática, um questionamento profundo de um largo espectro de problemas que vão desde a produção cinematográfica, o processo criativo, a problemática histórica, até ao binómio entre autoria e identidade pessoal. A sua obra constitui-se na singularidade de uma experiência anterior à definição de géneros. No encontro e assimilação de camadas espácio-temporais e afectivas, os seus filmes trazem um presente desestabilizado por uma profunda intuição da história enquanto matéria eminentemente problemática. Ver aqui a calendarização desta retrospectiva.
Passagens (nova secção)

Chantal Akerman, Tombée de Nuit Sur Shanghain, Cortesia de Chantal Akerman, Marian Goodman Gallery, Paris/Nova Iorque.
Passagens nasce da confluência de dois movimentos recentes: a saída do cinema para os museus e a entrada do documentário na arte contemporânea. «Documentary turn», «expanded documentary» são algumas das expressões utilizadas nestes últimos dez anos para caracterizar este cenário cuja diversidade e complexidade tem vindo a redesenhar a prática e a abrir novas perspectivas para a reflexão do cinema documental. Esta secção irá acolher obras marcantes, com várias instalações de Chantal Akerman, em relação com a retrospectiva integral da filmografia que o festival dedica a esta cineasta belga, num diálogo com instalações de Pedro Costa. Ver aqui a programação completa desta secção.
Cinema de Urgência (nova secção)
Esta secção apresenta filmes que documentam e testemunham situações e acontecimentos relativamente aos quais é urgente criar uma comunidade de debate, de reflexão, de modo a que nos possamos posicionar.
São filmes feitos a partir de uma absoluta implicação no real. Podem não ter encontrado ainda a distância necessária à criação de uma obra cinematográfica mas encontram um ancoramento imediato com a realidade que, cada vez mais, desafia os cineastas a uma prática quotidiana da cidadania.
Filmes que respondem às lacunas do exercício dos media, que existem através de redes sociais e outros meios que tentam abrir brechas no controlo da informação. Estes filmes devem ter lugar, precisamente, num festival que quer pensar o cinema nas múltiplas faces da sua implicação no real. Ver aqui a programação completa desta secção.
Heart Beat

Não me importava de morrer se houvesse Guitarras no Céu / I wouldn’t mind dying if there were Guitars in Heaven
Secção paralela, que apresenta documentários que se constroem na relação com a música e as artes performativas. Aqui programação desta secção.
E ainda: homenagem a Fernando Lopes, várias competições, investigações, novas secções, mesas redondas, masterclass, e muito, muito mais, neste festival que celebra o filme documentário.
Links:
Programa completo do festival.
Secções Doclisboa 2012.
Programação diária.




