Ricardo Valentim – Crescimento e Cultura
@ museu de serralves
Comissariado: Ricardo Nicolau
Produção: Fundação de Serralves
A exposição está patente até 8 de Julho de 2012.
Ricardo Valentim (Loulé, 1978) é um artista português a viver em Nova Iorque há cerca de oito anos. Esta exposição será a primeira oportunidade para o público português se confrontar com todo o material gráfico — cartazes, folhetos, folhas de sala — produzido pelo artista nos últimos anos, e que Valentim considera parte fundamental de várias peças apresentadas em exposições internacionais.
‘Crescimento e cultura’ apresenta ainda dois projectos inéditos, concebidos para as salas do Museu de Serralves e para o seu auditório uma instalação intitulada Contents of the Lecture ‘Models of Democracy’, em que o artista recorre a obsoletos retroprojectores para nos confrontar com uma “sala de aula” muito particular e os filmes Standard Gauge e Inkblot Perception and Personality (em duas partes) a apresentar amanhã, dia 16, pelas 16h e 18h, respectivamente no auditório de Serralves.

Ricardo Valentim, Fotograma de Standard Gauge: Program One, 2006−11, Cortesia do artista e do Museu de Serralves.
Standard Gauge é uma dupla projecção de 16 mm, sincronizada com duas bandas sonoras provenientes de dois conjuntos de filmes educativos sobre a produção de música. Os filmes foram originalmente apresentados nos anos de 1970 em escolas norte-americanas, com o objectivo de mostrar aos estudantes a música produzida em várias partes do mundo. Exibidas simultaneamente, uma das projecções apresenta filmes sobre a música feita na América, enquanto a segunda projecção mostra uma série de filmes sobre música japonesa, africana, latino-americana e da Idade Média. A ideia passa por sublinhar o contraste entre as representações americanas da sua própria cultura e a forma como os norte-americanos olham para “o outro”.
Inkblot Perception and Personality é um filme de 16 mm em duas partes: os espectadores são convidados a assistir às projecções com um intervalo de um mês – tempo que idealmente mediava as consultas com o médico que utilizava um determinado teste psicológico. Assistimos a um teste que é simultaneamente um exame ao comportamento normal de espectadores de cinema, a quem normalmente não é solicitado que regresse à mesma sala exactamente 30 dias depois de ver a primeira parte de um filme. Podemos afirmar que este suporte, o filme em película, hoje considerado obsoleto, serve aqui para nos confrontar com a transformação das formas de consumo e de recepção de cinema, hoje visto em computadores, ao ritmo imposto pelos espectadores. Será que os visitantes do Museu estarão dispostos a entrar neste jogo de desaceleração do cinema?
Link:
um excelente artigo sobre a última exposição do artista na galeria Andrew Roth, em Nova Iorque.