Noé Sendas | Galeria Presença
Noé Sendas
The Eighteenth January Two Thousand and Fourteen
18 de Janeiro – 1 de Março (2014)
Galeria Presença (Porto)
(…) Noé Sendas iniciou a série Crystal Girls em 2009. Trabalhar imagens encontradas, em pequeno formato, foi uma clivagem em relação à sua prática artística anterior. Nas suas palavras: “Estava no meu atelier, a construir uma escultura de grandes dimensões, um trabalho fisicamente complexo, que prometia uma montagem difícil e pensei no seguinte – se de repente houver um incêndio, o que é que eu levo daqui comigo? A partir desse momento, decidi investir em trabalhos de pequeno formato. Queria ganhar uma certa liberdade, como quem se permite deixar a casa, levando apenas um par de diamantes no bolso.”
O suporte desta nova série trabalhos de pequeno formato foram imagens encontradas de pin-ups da década de quarenta, que Sendas coleccionava há algum tempo. “Quando comecei a manipular as imagens, trabalhava-as como um escultor, utilizando noções de gravidade, peso e equilíbrio. Se retiro a perna esquerda de uma corpo, ainda que fotografado, devo adicionar uma pedra na mão direita do mesmo corpo, de forma a que este se mantenha em equilíbrio.” A recorrente estratégia de clivagens e decapitações causa ansiedade em alguns observadores. “Uma constante nas minhas fotografias é a ausência de rosto, interessa-me despojar a expressão facial, que sejam Nameless“, refere Sendas. As fotografias são apresentadas emolduradas – “como se as tivesse encontrado numa escavação arqueológica da época do glamour,” acrescenta o artista.
Estas imagens manipuladas têm sido descritas como subversivas, como se tratassem de actos de sabotagem sobre imagens existentes. “No entanto, agrada-me projectar a ideia de que o artista é alguém que lança um glamour, um feitiço que turva o olhar do espectador, e que faz com que as imagens sejam percepcionadas de um outro modo. Aliás é nesse sentido que aplico a técnica da sprezzatura (a arte de velar a arte), que faz com que a imagem final não revele ter sido trabalhada ou que tenha tido uma existência anterior.” (…)
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(C) imagens e texto: Cortesia Galeria Presença, Porto, 2014.